Quem trabalha com o desenvolvimento humano e teve experiência em hospitais, presídios e asilos pode observar o que há de melhor e o que há de pior na raça humana.

O aprendizado é longo e as experiências marcantes. É a oportunidade de ver e ouvir sobre vivências que mostram resultados de resiliências e de profundo mergulho na dor. É a olho nu, sobre o impacto que a violência, a incompreensão e o desamor causam em um ser humano, na sua família e na sociedade.

E ainda assim, felizmente e graças a Deus, se pode ser testemunha de inúmeros casos de superação, possibilidades e potencialidades para a transformação.

Igualmente é possível nas nossas diversas bolhas, no grupo familiar, no grupo do trabalho, no grupo religioso, no grupo social de diferentes matizes e na sociedade em geral casos que, infelizmente, pode-se considerar perdido.

Como é um caso perdido? Não é um caso perdido temporariamente, aquele que depois de muitos equívocos, teimosias e orgulho acima de tudo, o ego cansado se rende e pergunta: ok, então como é que posso parar de sofrer? Não é aquele caso perdido, que o corpo físico se encarrega de lhe dar “uma surra de dor” e, depois de meses de dor e sofrimento físico, o corpo e a mente foram obrigados a parar e se perguntar: o que realmente importa além de poder viver sem dor? E descobre os seus verdadeiros valores.

O caso perdido é aquele em que a pessoa, apesar do sofrimento que sente e causa nos outros, não quer rever os seus conceitos, não abre a mente para ouvir a opinião do outro, não tem humildade para ouvir um feedback com gratidão e respeito e segue sem vontade de mudar, só quer continuar a achar que o mundo está errado e se sente incompreendido.

Entender que os outros são culpados dos seus problemas não é o mesmo que entender que há uma parcela de responsabilidades entre todos os envolvidos, você só tem algum controle sobre a sua parte e
geralmente, sinto te contar, é 50 %.

Entender que você está desanimado e com a ideia que poderia rezar e pedir aos céus que te ajude e tudo estará resolvido, não é o mesmo que você identificar e reconhecer que tem algo a ser compreendido e mudado e seguir buscando soluções e agir sobre elas.

Entender que algo muito errado aconteceu e que agora nada pode ser feito não é o mesmo que reconhecer o erro, pedir perdão, mesmo que não seja diretamente à vítima (porque ela pode ter morrido ou você não saber mais onde a encontrar), adotar uma atitude interna de resolver não repetir o erro e até mesmo, quem sabe, compensar o erro cometido com ações de boas e corretas soluções.

Você é um caso perdido quando, mesmo sabendo que você pode, se sente inseguro e sem motivação para abrir a mente, refletir sobre outras perspectivas a sua dor e a dor do outro.

Você é um caso perdido quando você esquece que a vontade é sua, mesmo que a culpa seja do outro. Ah! Você era muito criança para ser culpada? Agora você é adulto, compreende que ocorreu algo errado e agora você, se quiser, superar e compensar, olhando para o que aprendeu com isso e prometer para a sua criança que sofreu, que você sabe como não deixar mais acontecer.

Você é um caso perdido quando não admite nem para si que esteve errado, culpando os outros e não quer pedir ajuda de um especialista, seja ele um psicólogo, um psiquiatra ou mesmo um amigo. Você é um caso perdido quando acredita que a culpa e a responsabilidade é sempre dos outros.

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