Solidão: desmistificar a solidão e refletir quanto, ao ser valorizada, pode nos trazer benefícios.

Por que a gente tem medo da solidão e tem dificuldades para ficar só, se desde o estado embrionário há uma condição solitária e uma sensação de incompletude?

Dependendo de como fomos levando a vida, preenchendo e sendo preenchidos com situações e companhias, deixamos de encarar a solidão e ficamos sem a experiência de sentir a solidão.

Nas poucas situações em que estamos nela, a sensação é de desconforto porque, de alguma forma, aprendemos crenças limitantes de que algo está errado ao estar só ou viver só, além da falta de conhecimento e experiência de viver com ela.

Um amigo, vamos chamá-lo de Antônio, tinha muito medo de ficar só. Quando a esposa Carla, teve câncer, o medo da perdê-la era menor que o medo da solidão.
Depois de muitos tratamentos e sofrimentos, Carla desencarnou. Antônio, em seguida, buscou uma companheira e tentou algumas vezes buscar nela a companhia que preencheria o vazio que a Carla deixou. Até que veio a pandemia, ele experimentou muito conflitos com a última companheira, envolvendo os seus filhos inclusive. Antônio se obrigou a ficar só.

Antônio ficou só com 500 livros e três cachorros, em uma casa grande e um jardim. Nesse cenário, a solidão foi a companheira que lhe restou.

Vou expressar o que o Antônio me contou ao experimentar e conhecer a solidão sem as crenças limitantes: a melhor experiência! Tive tempo para ler os 500 livros que tenho em casa, cuidar e organizar a casa, apreciar os cachorros e o jardim e ainda namorar de vez em quando. A leveza e a alegria de Antônio mostram quão verdadeira tem sido a experiência de gostar da sua própria companhia e, nas palavras dele, fazer da solidão uma amiga.

Na realidade, nos intervalos da leitura dos livros, cuidados com a casa, cachorros e jardim, Antônio trouxe a solidão para viver com o seu mundo interno, onde as emoções, memórias, sentimentos, afetos e experiências a acolheram porque ela é sábia.

A sabedoria da solidão está em nos proporcionar tempo para ler, aprender, estudar, refletir, memorizar, meditar, apreciar e tudo junto sentir, amar, sentir uma alegria mais duradoura e profunda, que é aquela alegria interna de reconhecimento e gratidão pela vida.

Marina K Nakayama
Psicóloga que ama compartilhar segredos da velhice para
viver com mais qualidade de vida, lembrar que a vida terrena é finita e a solidão pode ser uma companheira sábia

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